Casearia sylvestris SW.
Família Salicaceae
Estudos recentes em filogenia (área do conhecimento que estuda a relação evolutiva entre os grupos de organismos) indicaram que Casearia, gênero da guaçatonga, tradicionalmente reconhecido na família Flacourtiaceae, faz parte das Salicaea. A família é cosmopolita, merecendo destaque o gênero Salix, do qual foi obtido originalmente o ácido acetil salicílico, famoso analgésico. O salgueiro-chorão (Salix babylonica) é árvore cultivada no Brasil como ornamental.
Arbusto de guaçatonga florido à beira de uma estrada na zona rural do Distrito Federal. 14/10/2006 | Distribuída por quase todo o Brasil, em diferentes formações vegetais, a guaçatonga é o tipo de planta que normalmente passa desapercebida ao olhar da maior parte das pessoas. Suas flores não têm a exuberância dos ipês, os frutos não são suculentos como a cagaita e a mangaba, mas é espécie de grande importância ecológica e amplamente utilizada pelas populações tradicionais em toda sua área de ocorrência. É recomendável aos que freqüentam locais de difícil acesso e distantes dos postos de atendimento médico que procurem conhecer a guaçatonga, ela está entre as plantas nativas usadas como antiofídicas por muitos povos tradicionais, havendo fortes indícios científicos da eficácia de sua ação para tal finalidade. Trata-se de arbusto ou arvoreta alcançando até 6m de altura em alguns locais, nativa de quase todo o Brasil, principalmente em florestas secundárias. No Cerrado é mais freqüentemente encontrada na forma de arbusto (mas ocorre como arvoretas), em diversos tipos de vegetação. |
Detalhe do ramo florido da guaçatonga. Distrito Federal, 14/10/2006. |
Devido às suas propriedades terapêuticas, está entre as espécies vegetais úteis à sobrevivência no Pantanal.
A. Detalhe das inflorescências de guaçatonga com besouro comendo suas peças florais (pétalas, estames e pistilos); B. fruto da guaçatonga em fase final de maturação. Distrito Federal, 14/10/2006. |
Utilização medicinal da Guaçatonga.
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Além de medicinal, no Paraná foi registrada como importante para suprimento de pólen apícola. Tal característica deve ser levada em consideração por apicultores e fruticultores de outras regiões onde ocorre a guaçatonga.
É polinizada por pequenos insetos e têm suas sementes dispersas por pássaros.
Por seus aspectos ecológicos, o uso da guaçatonga é altamente recomendável em projetos de recuperação de áreas degradadas e paisagísmo público ou particular.
Por seus aspectos ecológicos, o uso da guaçatonga é altamente recomendável em projetos de recuperação de áreas degradadas e paisagísmo público ou particular.
Além de atrair uma ampla gama de insetos durante a sua floração, é considerada extremamente atrativa para os pássaros, que se alimentam de suas sementes. Segundo os ornitólogos John e Cristian Dalgas Frisch, a espécie atrai juviaras, tiês, pica-paus, suiriris, tesouras, bem-te-vis, sanhaços, sabiás, saíras, gaturamos, entre outros. Coleiro (Sporophila sp.) se alimentando de frutos de guaçatonga, no vale do rio São Joaquim, Chapada dos Veadeiros, GO. 26/09/2006. | O guia Rafael Teixeira, estudioso das plantas e aves do Cerrado, com destaque para a região da Chapada dos Veadeiros-GO, observou diversas espécies de aves se alimentando dos frutos da guaçatonga em chácara às margens do rio São Joaquim, local em franca regeneração. |
Referências e sugestões bibliográficas sobre Guaçatonga:
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• Barreto, L.M.R.C.; Funari, S.R.C.; Orsi, R.O. Pólen Apícola: perfil da produção no Brasil. www.culturaapicola.com.ar
www.culturaapicola.com.ar/apuntes/polen/14_polen_apicola_brasil.pdf
• Facanali, R. 2004. Ecologia de Populações de Espécies Prioritárias para a Conservação e Uso: um estudo de caso usando como modelo a Caseasia sylvestris SW. Monografia da disciplina Ecologia de Populações de Plantas, Programa de Pós-graduação em Ecologia, UNICAMP.
www.ib.unicamp.br/profs/fsantos/nt238/2004/Monografias/Monografia-Roselaine.pdf
• Frisch, J. D. e Frisch C. D. 2005. Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem. 3a Edição. Dalgas Ecitec – Ecologia Técnica, São Paulo. 480p.
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www.cpap.embrapa.br/agencia/simpan/sumario/palestras/ArnildoPott.PDF
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