“O INÍCIO”
Os mais remotos sinais conhecidos de agricultura datam de 10.000 anos atrás, mas o prazer despertado pela beleza das flores, quase com certeza vai muito mais longe.
Os buquês de flores de milho, videiras, jacintos e outras flores colocadas em volta dos cadáveres, em um cemitério Neandetal de 60.000 anos de idade, mostram que as flores tinham um papel estético e ritual.
Homens e mulheres primitivos devem ter sentido prazer com os jardins naturais que encontravam, desfrutando de uma floresta cheia de flores ou da sombra de palmeiras e arvores a beira de rios, tais lugares eram ligados a deuses e espíritos no mundo natural.
Mais tarde, quando assentamentos permanentes se desenvolveram, as plantações de alimentos crescendo perto de habitações individuais, a sombra de arvores com flores e frutos, devem ter formado o primeiro jardim particular.
Arvores propiciavam proteção contra o sol, águas para consumo próprio e plantas refrescam o ar, frutos para alimentação e consequentemente flores foram os ingredientes para um oásis em miniatura e forma os primeiros jardins em miniatura, o verdadeiro microcosmo do éden.
Cercas tornaram-se necessárias para proteger os assentamentos ou afastar animais das lavouras e os elementos de um jardim poderiam parecer sem planificação, mas a necessidade de criar um jardim prazeroso, aparentemente, somente se desenvolveu, quando grandes assentamentos ou complexos palacianos começaram a impedir o fácil acesso das pessoas a esses refúgios naturais.
A sociedade diretamente ligada ao mundo natural sentia menos necessidade de fazer jardins, que também requeriam uma sociedade apta a arranjar os recursos para criá-los e as pessoas com tempo para desfrutá-los.
Os primeiros Jardins
O início do cultivo e da civilização ocorreu no Oriente Médio entre os vales do rio Tigre e Eufrates, o Mar Mediterrâneo e o Golfo Pérsico.
Foi provavelmente aqui os primeiros jardins apareceram.
Escavações em vales indianos datados do 3º milênio A.C., sugerem que eles não tinham jardins, embora pudessem ter plantas em vasos.
A China tem tradição muito antiga em jardinagem, que vai além de 2000 A.C., talvez mais antiga ainda, mais falta evidência segura.
Conta-se que o rei Sargon (2334-2279 A.C.), monarca de Akkad, na Mesopotâmia, era filho de uma sacerdotisa e fora abandonado por ela em um cesto posto a flutuar no rio Eufrates. O cesto foi encontrado e recolhido por um jardineiro, que criou o futuro rei para ser jardineiro também. Uma inscrição lembrando feitos do rei diz o seguinte: “Meu serviço como jardineiro foi agradável aos olhos da Deusa Ishtar e eu me tornei Rei”
Acredita-se que os sumérios, que se estabeleceram na Mesopotâmia meridional cerca de 3000 A.C., vieram das montanhas da Armênia para o norte, onde os rios Tigre e Eufrates têm suas nascentes.
Eles construíram montes de terra ou plataformas onde plantaram árvores, supostamente para providenciar novas moradas para seus deuses da floresta.
Esses montes, camadas por camadas, eventualmente subiram em direção ao céu para formar pirâmides de degraus ou ziggurats, montanhas feitas pelo homem. Escavações de um ziggurats em Ur, revelou um complexo sistema de irrigação e drenagem no meio da lama. Montes de terra eram característica os antigos jardins chineses e pirâmides de degraus aparecem também na cultura Americana, mais não pelas mesmas razões.
Afora as veneradas arvores, cujas sombra devem ter sido bem vindas, sabemos pouco sobre como era os jardins Sumérios ou Assírios. Uma escultura do palácio de Assurbanipal mostra-o celebrando a vitória, festejando com sua rainha sob uma vinha. São mostradas numerosas espécies de arvore, mas nenhuma flor, isso ocorreu em 660 A.C.
A mais antiga evidência de como era um verdadeiro jardim aparece em pinturas de tumbas egípcias, que mostra cenas de jardim, muito mais velhas do que a festividade de Assurbanipal. Figueiras, tamareiras e videiras são cultivadas neles, mas eles são claramente destinados ao prazer. Eles mostram todos os elementos, que a maior parte das pessoas, hoje em dia, costuma associar ao jardim: espaço cercado, usualmente adjacente a uma moradia, onde plantas selecionadas são cultivadas e cuidadas, conscientemente ordenadas para criar ambiente agradável, reservatório de água, aves e peixes.
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Os muros de lama ao redor desses jardins Egípcios absorvem parte do calor do sol, as arvores dão sombra, e, além disso, a água refresca o ar. No mais simples dos jardins, há canais de irrigação que dividem os solos, impondo padrão formal e geométrico, mas nos jardins maiores, esses canais tornam-se tanques mais elaborados, com peixes, patos e outras aves.
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Jardim de Sennefer
Os jardins dos templos e dos palácios são maiores. Com cerca de 3 quilômetros, a avenida de esfinges entre o templo de Luxor e Carnac, eram ladeadas por arvores e flores. Por volta de 1540 A.C., a rainha Hatshepsut enviou uma expedição às terras hoje conhecidas como Somália, para trazer arvores e insenso, destinadas ao seu templo mortuário. Embora conduzidas cm o maior cuidado por centenas de milhas, por jardineiros egípcios, somente uma arvore sobreviveu e floresceu.
Sabemos que os Egípcios cultivavam ervas culinárias e medicinais. Pinturas e coroas de flores e guirlandas encontradas junto a múmias mostram que elas eram feitas de flores de milho, malva, papoula e outras plantas.
O mais famoso jardim da antiguidade é o “Jardim Suspenso da Babilônia”, também chamado de Jardim de Semiramis, que fez parte das Sete Maravilhas do Mundo, foi construído no século VI A.C., no atual Iraque.
Diz-se que este jardim foi construído por Nabucodonosor para agradar sua esposa persa Amitis que nascera em Média, reino vizinho, saudosa das colinas de sua terra natal. Seis montes de terra artificiais, com terraços arborizados, apoiados em colunas de 25 a 100 metros de altura. Os terraços foram construídos um em cima do outro e eram irrigados pela água bombeada do rio eufrates. Nesses terraços estavam plantadas arvores e flores tropicais e alamedas de altas palmeiras. Dos jardins podia-se ver as belezas da cidade abaixo. Não se sabe quando foram destruídos. Suspeita-se que sua destruição tenha ocorrido na mesma época da destruição do palácio de Nabucodonosor, pois há boatos de que os jardins foram construídos sobre seu palácio.
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Terraços ajardinados tornaram-se uma característica de outros palácios e havia extensos parques destinados a jogos de caça, incluindo leões, que eram capturados na selva e ali libertados para esporte real.
Os Israelitas, cujos ancestrais vieram de UR ou que viveram no Egito e os tinham sido escravos na Babilônia, também faziam jardins. O historiador Josephus descreve jardins onde o Rei Salomão costumava passear e os “Cânticos dos Cânticos”, de sua autoria (rei Salomão), usa um jardim como metáfora.
Quando os Persas conquistaram a Assíria, a Babilônia e o Egito desenvolveram e adaptaram os estilos de jardim que encontraram nesses três países: os parques, que eles chamaram paraísos, os terraços e os jardins cercados egípcios. Os jardins Persas impressionaram vivamente os Gregos e mais tarde estabeleceu um padrão para jardins em todo mundo Árabe.
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O Jardim persa tem forma simples, normalmente retangular com canais de água pouco profundo, estes canais normalmente eram alimentados por fontes subterrâneas.
Os grandes jardins dessa época tinham recinto fechado, retangular, que deveria conter uma piscina central, às vezes com um pavilhão e canais limitados por arvores. Em oposição à geometria formal destes contornos, flores eram plantadas, com perfume acentuado sendo as mais privilegiadas. Entre elas estavam os narcisos, tulipas, lilazes, jasmins, laranjeiras enviadas da China em troca de uvas e cavalos, por volta do século 2 A.C., e rosas de cabo e trepadeiras que estavam entre as plantas sempre floridas da China, alem de plantas nativas.
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Os Jardins Gregos e Romanos
Os gregos em tempos arcaicos eram pastores e fazendeiros, raramente jardineiros. Na primavera, as montanhas Gregas eram alegremente cobertas com flores, e estas eram colhidas para confecção de coroas e guirlandas para comemorações e festivais religiosos.
Os jardins gregos eram lugares práticos, com o,plantio de arvores frutíferas e vinhedos. Somente com a conquista de Alexandre “O Grande”, é que os gregos tiveram oportunidade de ir para a Pérsia e para o Egito e assim adotar a idéia do jardim de prazer ou contemplativo.
O jardim de Alcino, descrito por Homero no livro “Odisséia”, é mais prático do que ornamental. Há fontes e tanques para irrigação, vegetais, arvores frutíferas e ervas úteis, mas nenhuma flor é mencionada.
Como seus vizinhos orientais, os gregos davam importância as árvores; os jovens na Grécia e na pérsia eram educados para plantar arvores. Ulisses identifica-se no seu retorno das Guerras Troianas, apontando as 13 pereiras, 10 macieiras e 40 figueiras que tinham lhe sido dadas quando criança e plantadas em um bosque particular que era considerado sagrado.
Alguns destes locais sagrados com seus templos tornaram-se centros de um complexo ginásio, banhos e outros prédios sociais.
Com o rápido crescimento das cidades gregas, as arvores foram plantadas em lugares públicos para fornecerem sombra, onde o povo se reunia para bisbilhotar, debater e professores davam aulas a seus pupilos.
À curta distância, fora de Atenas, havia um bosque dedicado a um obscuro herói chamado Academus, lê se reuniam jovens que discutiam filosofia com seus mestres, desde nome surgiu o nome Academia para designar escola.
Mais tarde, os jardins romanos e da renascença frequentemente incluíam uma Academia fresca e sombreada ou um bosque sagrado, como uma característica dos Jardins modernos em referencia aos antigos jardins.
As casas gregas eram construídas junto aos muros e havia pouco espaço para um jardim, exceto o pátio interno, onde flores poderiam crescer em vasos. Isso acontece até os dias de hoje com o plantio de gerânios e primaveras nas sacadas e porteiras também.
Todo ano, durante o festival de Adonis, as mulheres gregas plantavam as sementes de alface, de funcho e de outras plantas de rápido crescimento. A brevidade de sua maturação e a rapidez com que murchavam simbolizavam a curta vida do amante de Afrodite, morto em uma caçada de javali.
Quando as conquistas de Alexandre levaram os exércitos gregos para a Pérsia e Egito, eles ficaram maravilhados com a riqueza dos jardins. Nas colônias gregas, os jardins criados tornaram-se cada vez mais extravagantes, principalmente em Alexandria, onde um quarto da cidade era formada de terraços suspensos e pátios floridos repletos de estátuas e brinquedos hidráulicos.
Alexandre foi discípulo de Aristóteles e de todas as partes de seu império, o rei obtinha informação e espécimes que enviava para o filósolo em Atenas.
Ali no Liceu de Aristóteles, o primeiro jardim botânico foi formado e outro pupilo, Theofrasto, que mais tarde passaria a dirigir o Liceu, início a primeira classificação das plantas. Dos livros de jardinagem escritos por Theofrasto, sabemos que, por volta do século 3 A.C., os jardins de Atenas incluíam rosas, lírios, violetas, anêmonas e papoulas, plantas que cresciam, de maneira selvagem na região.
Á principio o jardim Romano teve como modelo o estilo Grego. Escavações de Pompéia e Herculano, em uma área que primitivamente havia sido colônia grega, as casas desenterradas tinham as mesmas características das encontradas na Grécia, onde no pátio interno encontrava-se vasos com plantas floridas e também era comum pintar os muros internos com cenas de jardim para criar uma ilusão de maior espaço ajardinado. Os romanos assim adquiriram o costume de cultivar jardim como extensão de suas casas.
Em suas casas de campo os Romanos abastados tinham a possibilidade de fazer jardins esmerados. Eles imitavam o conceito dos jardins gregos que se desenvolveram com os bosques sagrados, mas poderiam conter lagos com peixes, aviários, terraços nas encostas, um hipódromo para exercício de montaria, clareiras naturais e canteiros estilizados.
Mesmo no coração de Roma, os abastados, incluindo os imperadores, criaram extensos jardins destinados a contemplação e prazer. Após o incêndio de Roma em 64 D.C., Nero demoliu casas para criar um parque particular destinado ao lazer, de 50 hectares, para um novo palácio chamado de “A Casa Dourada”. Seus bosques eram repletos de caça e uma idéia do tamanho pode ser dada pelo seu lago de peixes, que mais tarde se tornou o Coliseu Romano.
http://web.educastur.princast.es/proyectos/jimena/pj_leontinaai/arte/webimarte2/WEBIMAG/ROMA/domus.htm
Com a decadência do poder Romano, os grandes jardins de lazer desapareceram da Europa, mas os jardins devem ter sobrevivido para suprir as cozinhas com ervas e vegetais e com o desenvolvimento da vida em monastérios, os jardins em formato de peristilo, que os romanos haviam adotado dos gregos, continuam a existir nos conventos.
Peristilo = Um peristilo assemelha-se a um corredor coberto e circundante, aberto lateralmente através de uma ou mais fiadas de colunas, caracteristica dos templos Gregos.
Jardim do Eden
De acordo com o livro do Gênesis da Biblia Judáica, a vida começou em um jardim, onde o primeiro homem e a primeira mulher viveram pois foram colocados alí por Deus.
Isso também ocorre na Biblia Católica, com o Jardim do Paraiso de onde Adão e Eva foram expulsos, após comerem o fruto proibido.
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A palavra Éden e Paraíso vem do idioma Persa e significa, um jardim protegido ou cercado, com água suficiente para formar um fluxo continuo, arvores frutíferas, flores, principalmente as sempre floridas e perfumadas, peixes, aves e caça, normalmente em formato retangular. E todos os outros estilos de jardins descende deste.
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